Quero ir lá, onde a rosa
cresce, ao jardim único
cercado
pelas reixas mais belas da terra,
em onde as estátuas a minha
mocidade recordam
como eu as recordo baixo a
água do Neva.
No
amplo silêncio, entre as grandes tílias,
ainda
me parece ouvir o ranger dos
mastros.
E o
cisne voga sempre através
dos séculos,
surpreendido
de ver o seu dobre no reflexo.
Dormem
o seu sonho eterno centos, milheiros de passos
de
amigos, de inimigos, de inimigos, de amigos...
e
jamais se conclui o desfile de sombras.
Desde
jarrão de pedra até as áureas portas,
lá é
onde murmuram as minhas doces noites brancas
acerca
do segredo de amor que alguém
me teve...
E tudo
tem o brilho de nácar e de jaspe
enquanto
a fonte guarda a sua luz caladamente.
Anna Ajmátova (1888-1966)
rosanegra
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